Impacto do “Tarifaço de Trump” na Paraíba
- Laryssa Almeida

- 13 de ago.
- 3 min de leitura
Análise dos produtos, segmentos e projeções para a Paraíba
*Por Laryssa Almeida

“Como esse tarifaço de Trump vai afetar minha vida?” Essa tem sido uma das perguntas mais recorrentes que recebo nas redes sociais. A resposta exige entender que a tarifa de 50% imposta pelo governo norte-americano incide sobre produtos brasileiros exportados, ou seja, bens produzidos aqui, mas vendidos lá fora.
Na prática, o primeiro impacto recai sobre o consumidor norte-americano, que passa a pagar mais caro pelos produtos. Mas isso não significa que a Paraíba esteja imune. Afinal, os Estados Unidos são o principal destino das exportações paraibanas no cenário internacional, movimentando cifras expressivas e influenciando setores estratégicos da nossa economia.
Em 2024, as exportações para o mercado americano somaram mais de US$ 35 milhões, representando cerca de 21,6% de todas as vendas do estado para o exterior. Já no primeiro semestre de 2025 (entre janeiro e junho), a Paraíba exportou para o mercado norte-americano cerca de US$ 9,88 milhões o que equivale a 12,4 % do total exportado pelo estado.
Na tabela abaixo segue o ranking com os 10 principais destinos das exportações paraibanas:

Como podemos perceber a partir da análise dos dados acima, a Paraíba possui trocas comerciais diversificadas que diminuem a dependência do mercado americano. Os quatro primeiros destinos estão muito próximos em percentuais e valores em dólares. As exportações aos EUA somaram US$ 9.881.181,00, um valor muito próximo ao das exportações para Geórgia, que somaram US$ 9.297.603,00. Já para Argélia o valor das exportações somou US$ 8.701.272,00 e para Espanha o valor de US$ 8.191.629,00.
Alguns dos principais produtos paraibanos exportados para o mercado norte-americano são:

Entre os produtos mais enviados aos EUA estão sucos de frutas ou vegetais (especialmente o suco de abacaxi), água de coco, calçados de borracha, açúcares e melaços, além de granito e outros materiais de construção. Só os sucos responderam por quase 69% do total exportado para o mercado americano no primeiro semestre deste ano.
O impacto econômico poderá ser sentido através da perda de competitividade dos produtos paraibanos, que podem perder espaço para fornecedores de países sem tarifas adicionais. Além disso, as cadeias produtivas locais podem ser afetadas pela redução de encomendas e contratações das empresas exportadoras. Assim, empresas mais dependentes da exportação de seus produtos para os EUA precisarão revisar seus contratos e as estratégias de preços, bem como, buscar novos mercados, a exemplo da União Europeia e Ásia.
Para o consumidor paraibano, os efeitos tendem a ser indiretos, podendo ocorrer desde ajustes no nível de emprego até um possível aumento da oferta interna de determinados produtos, o que pode gerar quedas pontuais de preço.
Projeções da Confederação Nacional da Indústria indicam que o Nordeste pode perder até R$ 450 milhões com a medida, sendo a Paraíba um dos estados impactados. Em relação aos postos de trabalho, um estudo do mês de agosto do Núcleo de Estudos em Modelagem Econômica e Ambiental Aplicada do Cedeplar/UFMG prevê retração de -0,25% no emprego nacional, o que equivale a perda de 188.707 empregos e de -0,08%, ou seja, 57 mil ocupações, como efeito total.
O “tarifaço de Trump” reforça uma velha lição da economia global de que decisões políticas externas podem atravessar fronteiras e bater à nossa porta. Mais do que nunca, precisamos de políticas públicas e estratégias empresariais que aumentem a resiliência das exportações paraibanas, reduzindo a dependência de um único mercado e fortalecendo nossa presença nas cadeias globais de valor.
Quer conferir mais dados e informações das exportações de produtos paraibanos para os Estados Unidos no primeiro semestre de 2025? Vem conferir no CIPED Lab.
*Laryssa Almeida é jornalista, advogada, mestre em Direito Econômico pela UFPB, doutoranda em Ciências Sociais pela Universidade de Salamanca na Espanha. Ex-Secretária de Ciência Tecnologia e Inovação e de Desenvolvimento Econômico do Município de Campina Grande. Atualmente, é Assessora Especial da CINEP.








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